ARARIPE COUTINHO, um escritor polêmico em Sergipe.

(Araripe Coutinho, escritor brasileiro)

 

Por: Allan de Oliveira e Elizabeth Alexandre.

contatoallandeoliveira@gmail.com

 

Araripe Coutinho nasceu no Rio de Janeiro a 13 de dezembro de 1968, sendo filho de Moacir dos Santos e Maria de Nazaré Coutinho. Em 1979, o poeta veio residir em Aracaju, conseguindo o título de cidadania sergipana concebidos pela Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe e Câmara Municipal Clodomir Silva. Estudou o Curso de Letras, mas abandonou e se dedicou ao jornalismo. Foi um dos fundadores do jornal O Capital, juntamente com a jornalista Ilma Fontes, membro da Academia Sergipana de Letras e do Conselho de Cultura Negra de Sergipe.

Araripe Coutinho chegou a conviver com a escritora Hilda Hilst por um bom tempo em São Paulo e escreveu a peça Eu e Ela que fora apresentada no mesmo Estado. Trabalhou em jornais, como diretor da biblioteca pública Clodomir Silva e diretor da Divisão de Memória Cultural da Secretaria de Cultura, apresentador de um programa de TV, além de também ter ministrado oficinas literárias e consultoria para políticos e empresas. Teve colunas no Jornal da Cidade, Gazeta de Sergipe, Correio de Sergipe, e Infonet.

Seu livro Do abismo do tempo foi premiado pela Secretaria de Estado da Cultura com o Prêmio Santo Souza de Poesia em 2007.

No ano de 2011, esse poeta provocou polêmica devido a umas fotos que tirou seminu no Palácio Olímpio Campos, gerando repercussão na internet e também na televisão brasileira.

Sua poesia é lírica com tendência pós-moderna por ser constituída por versos livres numa construção poética variada. Ora é notada sensualidade, ora espiritualismo, ora angústias e lamentos. Viu a beleza que existe em Aracaju em suas crônicas e humanizou a cidade em meio ao caos.

Araripe Coutinho foi considerado um protetor dos jovens e das pessoas excluídas pela sociedade. Ele faleceu no dia 09 de dezembro de 2014, vítima de enfarte em sua residência.

 

LIVROS PUBLICADOS¹:

 

Amor sem Rosto (1989)

Asas da Agonia (1981)

Sede no Escuro (1994)

Passarador (1997)

Sal das Tempestades (1999)

O Demônio que é o Amor (2002)

Como Alguém que Nunca Esteve Aqui (2005)

Do Abismo do Tempo (2006)

Nenhum Coração (2008)

O Sofrimento da Luz (2009)

Obra Poética Reunida (2010)

 

II

 

Vem, chama-me pelo nome.

Mas vem.

Os portões tão altos de um

Ferrugem de amor (já calcinado).

Vejo Deus na folhagem e é o teu rosto

Teu tórax, teu riso

(quase uma hóstia de fogo me queimando).

Estas tardes todas um incêndio

Algo quebrando as cristaleiras.

O vento rindo e pondo poeira

Nas coisas. Estas tardes todas têm

Sido de espera e furto de Deus.

Tento tocar o que não me foi dado.

Chamo Deus. Grito: Acode-me!

Mas é tu que apareces

E a oração é adaga, desventura, morte.

 

Vem, amor feito de falo

Mudez – vária. Não descobri

Fome. Desse presságio

Desse demônio

Arcano-vário.

 

Eu rondo o desamparo.

Preparo os tachos

Dentro deles a imerecida carne.

 

Sendo vosso o amor

Me despedaço.

 

QUERO DIZER QUE APRENDI MORRENDO

 

Quero dizer que aprendi morrendo

E que o púrpura-jade

Do teu casaco quase

Empenha o meu vazio de afeto.

 

Recebe de mim

Aquilo que conduz o nada

Conhecida que sou

Em juntar teus trapos

 

Para só depois sim

Amarrar o cadarço

Da nossa desolação.

 

ENTREGA-TE COMO QUEM VAI MORRER...

 

Entrega-te como quem vai morrer.

E não te distanciarás

Do átrio onde um dia

Viveste o teu triunfo.

A tua morte apenas um pretexto

De não amar. Incansável corpo

Que te visita exausto.

Enfrenta o dentro corroído,

O que não deixa. Devora

E vai construindo ilhas

Como quem passeia por uma

Casa de pássaros. Norteia.

E passa como quem não tem

Mais medo. Estertor redobrado

De agonia.

 

ABSTENHO-ME

 

Abstenho-me do soco

Mas ele vem, independentemente

Se me toca o rosto.

 

A fera do mundo

Enjaula a leveza

 

E o medo.

 

Enquanto solto o tigre

Devoras-me.

Ardor de infâncias.

 

Fatal foi não ter nascido

Adulto.

 

ARCANO UM

 

O mundo é semi-réptil

Repetitivo e cáustico.

Quando a criança se agacha

Pega deus com os olhos

E chacoalha o seu destino de porco

E deus nem se importa.

A inocência mata.

Herberto Hélder diz

Que é a delicadeza.

Na casa sem portas

Deus está num ardor

Vendo os homens

Incensando o seu poder

De pai.

O mundo é insensato e absurdo.

Arquiteto de tudo Deus inventou o

Homem:

Uma tarântula movida

Pela fome.

 

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¹ De acordo com o que foi pesquisado há uma dúvida com relação ao número de livros publicados, totalizando 11 obras. Neste site http://brasil.revistadelosjaivas.com/index.php/81-o-boemio/general/140-araripe-coutinho-retrato-de-um-artista-multiplo é mostrado que Araripe Coutinho publicou 13 obras poéticas. Caso algum leitor do blog tenha a informação verdadeira irá ajudar muito o desenvolvimento deste blog e socialização da informação. Agradecemos se houver alguém disposto a ajudar. (Nota do editor do blog)

 

REFERÊNCIAS:

Araripe Coutinho. Disponível em: <http://estoudeolhoemtudo.blogspot.com.br/2012/07/araripe-coutinho-nasceu-no-rio-de.html>. Acesso em: 14 de dez. de 2014.

ARARIPE COUTINHO. Disponível em: <http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sergipe/araripe_coutinho.html>. Acesso em: 05 de jan. de 2015.

Araripe Coutinho lança coletânea na OAB. Disponível em: <http://www.infonet.com.br/cultura/ler.asp?id=96558>. Acesso em: 08 de jan. de 2015.

Araripe Coutinho lança Do Abismo do Tempo na AMA. Disponível em: <http://www.infonet.com.br/Cultura/ler.asp?id=50955&titulo=noticias>. Acesso em: 09 de jan. de 2015.

ARARIPE COUTINHO, RETRATO DE UM ARTISTA MÚLTIPLO. Por Eduardo Waack. Disponível em: <http://brasil.revistadelosjaivas.com/index.php/81-o-boemio/general/140-araripe-coutinho-retrato-de-um-artista-multiplo>. Acesso em: 14 de dez. de 2014.

BRASIL, Assis. A Poesia Sergipana no Século XX. Rio de Janeiro. Imago Editora, 1998.

COUTINHO, Araripe. O demônio que é o amor. Sergipe. Editora Sercore, 2002.

COUTINHO, Araripe. Do abismo do tempo. Sergipe. Editora Sercore, 2006. 

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